segunda-feira, 25 de maio de 2009

Os Sem-Comunidade


Por lee Carvalho

Os brasileiros “bons de bola” ao aportarem em terras européias, ganham ainda um subtítulo: “Extra-comunitários”. Teoricamente extra-comunitário é todo aquele que vem de países que não fazem parte da Comunidade Européia.
Na prática extra-comunitário: é esfomeado, é pobre, é vândalo. Claro que a regra vale para imigrantes de países de terceiro mundo como o nosso. Os ricos norte-americanos ou árabes petroleiros são tratados de forma muito diferente.
Na Itália, se o brasileiro tenta misturar o italiano com português é maltratado, se falar um italiano sofrível é ignorado, agora se falar em inglês, há uma grande diferença no tratamento.
Não é de se espantar que os brasileiros radicados aqui preferem falar em inglês em muitas situações. A estilista brasileira Rozilane Fernandes, reside em Genova há três anos e fala perfeitamente a língua, mas quando saí de casa esquece o italiano para não ser maltratada! Ela já passou por inúmeras situações constrangedoras. Basta que o vendedor perceba que ela é brasileira para trata-la de forma rude.
Em Genova, onde a maioria dos imigrantes são albaneses, africanos ou mulçumanos, a população encontrou um subtítulo para cada etnia: albaneses são trambiqueiros, os Muçulmanos; vândalos e os Africanos; traficantes.Como há poucos brasileiros em Genova os subtítulos são mais carinhosos: pobres e desinformados!
Esta animosidade coincide com a nova política adotada pelas autoridades italianas, que ainda este ano devem restringir a concessão de cidadania à filhos e netos de italianos, antes concedida a todos os descendentes de italianos por parte de pai, mesmo com ascendência distante.
O contraponto é que a população é em sua maioria idosa e o país sofre com uma economia estagnada causada, entre outros fatores, por falta de maõ-de-obra.
A exemplo da Irlanda o governo realizou uma campanha de incentivo a natalidade, que obviamente falhou já que é preciso tempo e dinheiro para que se colham resultados.
A solução mais rápida e barata foi atrair todos os descendente de italianos, residentes em outros países, que estivessem prontos para o trabalho e dispostos a salvar a pátria de seus antepassados. Agora a solução é tratada como problema pelos nacionalistas que acreditam que os imigrantes “roubam” os empregos e os subsídios que deveriam ser dirigidos à seus filhos.
Memória curta a dos italianos, já que o Brasil abrigou milhares de italianos famintos após a segunda guerra mundial.

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