quinta-feira, 28 de maio de 2009

Comida de Rua



Por lee Carvalho

Se você acertar no traje, separar a parte do assaltante e tiver um espírito aventureiro, você pode encontrar muita diversão no centro desta metrópole.
Começando pela comida. Há variedades para todos os gostos. Você pode ir para o metrô comendo um milho cozido, ou devorar um acarajé da baiana de Jesus enquanto volta para o escritório. Pode também se render aos coreanos com suas woks de três rodas e almoçar um yakisoba deliciosamente feito no meio da rua.
Mas nada supera a iguaria que enche os olhos de todo paulistano: o churrasco grego. São 50 quilos de carne enrolada em um grande espeto, girando durante 24 horas! Você paga 1 real e come o churrasco em um pão com salada de tomate e repolho e ainda ganha um copo de suco de uva.
Antônio, 62 anos , que prefere não dizer o sobrenome, é o dono de um dos pontos do centro da cidade há 8 anos. Não é grego, mas aprendeu o ofício durante os anos em que trabalhou em restaurantes pela cidade. Ele migrou do Ceará nos anos 70 e o churrasco já fazia sucesso. Depois de juntar um dinheiro resolveu abrir seu negócio.
Seu pequeno restaurante a céu aberto nunca fecha. À noite vai para casa dormir e um funcionário assume até às 6 horas da manhã, quando Antônio volta com mais um espeto pronto temperado por ele mesmo. O tempero é o grande segredo do sucesso.
O churrasco grego vendido na capital paulistana, é uma versão do prato turco Kebab; um assado de carne de cordeiro temperado com especiarias e servido em lascas. Foi nos anos 70 que os imigrantes turcos na Alemanha começaram a enrolar a carne em pão sírio, com alface e tomate. No mesmo período a receita chegaria ao Brasil, mas aqui seria servido no pão francês e com o repolho substituindo o alface.
O churrasco fez muito sucesso entre os trabalhadores que tinham pouco tempo e nenhum dinheiro para comer. Em sua fase de glória, Antônio vendia mais de mil churrascos por dia e já foi até entrevistado por Jô Soares, lembra orgulhoso. Hoje teme o desemprego, pois o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, quer a cidade limpa e ameaça tirar todos os vendedores ambulantes do centro de São Paulo.

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